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O ALIENISTA - UFPA

O ALIENISTA

Este conto de Machado de Assis narra em terceira pessoa uma história da cidade de Itaguaí, onde o protagonista, Simão Bacamarte, debruça-se sobre os estudos da loucura humana. O psiquiatra vai observando ao longo do tempo e em toda Itaguaí o comportamento dos seus moradores, declarando-os um a um como dementes. Machado trata nesse conto da condição humana sob a ótica da loucura, refletindo o que seja a razão e a alienação humana. Em uma análise semiótica podemos definir a oposição semântica: Alienista X alienado ou Loucura X Sanidade. Observa-se a intenção em questionar os conceitos destas palavras. Seguindo essa linha de raciocínio notemos na esfericidade das personagens a ambigüidade humana, como negar a atual condição ou posição por uma questão de sobrevivência, assumindo posturas que lhes convém em dado momento. É o caso do boticário Crispim Soares que mesmo sendo íntimo de Simão Bacamarte resolve passar para o lado do barbeiro Porfírio, por medo de ser acusado de cúmplice do alienista. Assim o é também este barbeiro que estando legalmente à frente da vila adquire uma postura diferente da que o levou a tal posto. Sobre o conceito de loucura, em certa passagem do conto Simão nos confunde conjeturando que loucos seriam os equilibrados, e o desequilíbrio seria marca da sanidade humana. Há nessa inversão de conceitos uma crítica ao senso comum, que prega a aparente honestidade como marca de bom caráter. A descrença quanto à retidão humana -comum na obra realista de Machado- é o ponto de partida para o novo método de cura do alienista, provando a infalibilidade humana, pois “cada beleza moral ou mental era atacada no ponto em que a perfeição parecia mais sólida, e o efeito era certo”.
 
ASSIS, Machado de. O Alienista. São Paulo: Martin Claret, 2003